O Paciente não pergunta isso ao Médico

Olá Doutor, tudo bem?

Essa semana tive uma conversa com um colega ortopedista que dizia ter dúvida sobre estar ou não preparado. Que tinha medo de fazer seu marketing e divulgar os seus serviços, pois, ele não sabia se era o momento certo.

Mais um! Você não tem ideia de como esse tipo de “sintoma” é comum entre os seus colegas. Principalmente aqueles que são novos na profissão.

Toda vez que surge esse tipo de dúvida e, essa é uma dúvida frequente, eu costumo contar sempre o “exemplo do taxista” para o médico.

Imagine que você está na Avenida Paulista em São Paulo em um dia chuvoso e por conta de um compromisso você decide pegar um Taxi. Então, você caminha até a calçada e dá sinal para o primeiro Taxi que se aproxima.

O taxista para o carro e abre a porta de trás, porém, ao invés de entrar no carro, você fica parado na rua e na chuva e, começa a fazer dezenas de perguntas ao Taxista.

Algumas de suas perguntas são:

“O senhor levou alguma multa esse ano?”
“A sua carta foi comprada?”
“O licenciamento do seu carro está pago?”
“O carro está quitado?”
“Qual foi a sua nota no exame teórico para do Detran?”
“O seu seguro cobre danos em terceiros?”

Essas perguntas são até pertinentes, porém, acontece que geralmente o passageiro entra no Taxi sem faze-las. Ele simplesmente entra no Taxi, informa o endereço desejado e segue viagem.

No final, como o passageiro avalia se a corrida foi boa ou não?

Ele simplesmente classifica alguns pontos que julga ser importante para a sua avaliação, pontos como direção, bom atendimento, conforto, simpatia, respeito, ética (o taxista não deu voltinhas), preço justo etc.

Por mais nocivo que esse tipo de percepção seja, infelizmente, o mesmo acontece no seu consultório.

Eu utilizei a palavra nocivo porque em um mundo ideal, o paciente deveria também julgar um médico por questões como o número de vezes que o especialista realizou determinado procedimento, número de horas e notas académicas etc.

Entretanto, o que se nota é que a satisfação e a escolha dos pacientes têm mais a ver com as percepções sensoriais do que com a investigação profunda baseada em fatos sobre a carreira do médico.

As percepções sensoriais são tão importantes que até o mesmo o famoso boca-boca, que é feito pelos pacientes, é geralmente baseado nela.

“Pode confiar, o Doutor é bom, simpático, seguro, ético etc”.

O paciente geralmente faz uma pesquisa breve sobre o médico, porém, nessa pesquisa, ele leva em consideração a opinião de outros pacientes, a imagem que o médico transmite ou os pontos destacados no currículo.

No currículo do doutor pode constar uma especialização em Nova York, para o cérebro do paciente UAU, isso é um motivo de confiança. Porém, esse mesmo paciente não irá procurar saber se essa especialização é boa ou ruim. Ele talvez não saberá que ela pode ter durado apenas um final de semana e não agregou nada de novo na carreira do médico.

Apenas o título já basta.

É uma questão de percepção e não de realidade.

Eu não advogo que o médico não tenha que estar preparado. Conhecer de medicina é uma obrigação! Até porque …

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O marketing do Médico

Não existe marketing bom de produto ruim.

Estar despreparado pode acabar com qualquer reputação, principalmente a de um médico.

O paciente na maioria das vezes deseja do médico o mesmo que um passageiro de Taxi deseja do taxista.

O passageiro quer chegar no destino sem nenhum tipo de desconforto e supresa desagradável.

O paciente quer resolver o seu problema sem nenhum tipo de desconforto e supresa desagradável.

Por isso, ao colocar o seu carro na rua, ou seja, ao atender no seu consultório. Se preocupe mais em fazer um bom atendimento, em propiciar conforto, em ser simpático e principalmente empático e em ser ético.

Tenho certeza que o domínio da medicina você tem. Sem dúvida conhecimento nunca é demais, por isso, estudar e se especializar sempre.

Abraço e sucesso 🙂
Vitor Jaci

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